
Dados no OOH: de compliance à estratégia de mercado
POR QUE OS DADOS SÃO O NOVO ‘’OURO’’ DO OUT-OF-HOME?
OOH na era digital: além das telas estáticas
Imagine um outdoor que não apenas exibe uma mensagem, mas aprende com o ambiente ao redor. É assim que o Out-of-Home moderno funciona: telas digitais conectadas a sensores, câmeras inteligentes e plataformas de analytics transformam espaços físicos em pontos de conversa com o público.
Durante muitos anos, o OOH era sinônimo de cartazes estáticos e métricas mais simples (como “quantos carros passam por dia”). Hoje, graças à Internet das Coisas (IoT) e à integração com dados praticamente em tempo real, cada tela é um dispositivo inteligente, ou, smart display. Exemplos?
- Telas em shoppings que adaptam anúncios conforme o perfil demográfico do público presente.
- Painéis em postos de gasolina que exibem promoções de snacks no horário de maior movimento.
- Sistemas que cruzam dados climáticos para sugerir guarda-chuvas em dias chuvosos.
O OOH digital não é mais “mídia de massa”, é mídia de contexto. E o combustível dessa transformação? Os dados.
Dados vs. Intuição: o impacto nas decisões de campanha
No passado, ao criar uma campanha OOH, apostava-se em locais movimentados e mensagens genéricas, esperando que algo “colasse” na mente dos transeuntes. Hoje, como conseguimos coletar dados mais precisos, eles se tornam a bússola que guia cada decisão.
Veja a diferença aplicada:
Para esclarecer mais ainda, vamos pensar em um exemplo ficcional:
Uma marca de bebidas qualquer queria promover chá gelado no verão.
A intuição sugeria “telas em praias”. Já os dados revelaram que o pico de consumo ocorria em aeroportos, onde viajantes buscavam opções refrescantes após longos voos.
Resultado? A campanha no aeroporto de Guarulhos gerou 37% mais engajamento que a média nacional.
Esse é o poder de transformar dados em decisões estratégicas.
Dados não substituem a criatividade: potencializam ela; e respondem perguntas como:
- Quando seu público está presente?
- Como ele interage com a mensagem?
- Qual formato gera mais conversões (QR Code, NFC ou outro método)?
Quer se aprofundar nesse tema?
Confira nosso blog sobre Como a IA está revolucionando o OOH.
QUAIS DADOS PODEM SER COLETADOS NO OOH? (EXEMPLOS PRÁTICOS)
Dados 1st party: o público em “tempo real’’
Pense nos dados 1st party como um diário de bordo: informações coletadas diretamente da interação do público com suas telas, sem intermediários.
São precisos, exclusivos e refletem comportamentos reais diretamente vinculados à interação do público com os displays.
Como isso funciona na prática?
- Geolocalização:
Sensores identificam exatamente onde e por quanto tempo as pessoas param em frente a um painel (o famoso dwell time). Em um aeroporto, por exemplo, isso revela se viajantes estão mais propensos a interagir com anúncios durante esperas em voos. - Perfil Demográfico:
Câmeras com computer vision/IA de vídeo estimam idade e gênero da audiência, sem armazenar rostos. Em um shopping de luxo, isso permite, por exemplo, direcionar anúncios de joias para mulheres de 30-45 anos. - Interação:
QR Codes e NFC medem engajamento direto. Em uma campanha para uma marca de automóveis, saberíamos, por exemplo, que “23% dos usuários que escanearam o QR Code solicitaram um test drive’’.
Vamos colocar esse conceito em prática e imaginar um cenário:
Uma rede de farmácias usou dados de dwell time para exibir anúncios de vitaminas em telas próximas às filas do caixa. Fazendo isso, obteve um resultado de +18% de recall de marca entre o público-alvo.
É esse tipo de insight que está colocando os dados no centro das decisões de mídia.
Dados 2nd party: parcerias que geram insights
Dados 2nd party são como uma ponte entre mundos: informações compartilhadas por parceiros estratégicos, enriquecendo sua base com contextos complementares. É a arte de transformar colaboração em inteligência coletiva.
Exemplos que valem ouro:
- Redes Varejistas:
Horários de pico de vendas em lojas físicas ajudam a sincronizar anúncios. Uma rede de fast-food exibe promoções de café às 7h, quando parceiros indicam alta procura. - Plataformas de Mídia Programática:
Dados de APIs como Sympla identificam shows ou festivais em tempo real. Por exemplo, durante o Rock in Rio, painéis próximos aos palcos exibiram conteúdos promocionais de energéticos à noite e protetor solar durante o dia. - Operadoras de Transporte:
Dados de tráfego de apps como Waze ou 99 indicam rotas alternativas para exibir anúncios de postos de gasolina.
Como isso poderia acontecer na prática? Vamos ver:
Em parceria com uma rede de supermercados, poderíamos cruzar dados de fluxo de caixa com geolocalização para exibir anúncios de produtos premium em horários de menor movimento. E, com isso, analisar o impacto direto nas vendas e no engajamento.
Dados 3rd party: ampliando a visão de mercado
Dados 3rd party são como um telescópio: revelam padrões macro que você não enxergaria sozinho. São informações agregadas de fontes externas, desde pesquisas de mercado até APIs públicas.
Como usar?
- Mobilidade Urbana:
Dados de apps como Google Maps identificam rotas frequentes de usuários. Em São Paulo, pode permitir, por exemplo, a uma marca de bebidas para posicionar telas em vias com alto tráfego de jovens adultos. - Comportamento de Consumo:
Pesquisas do IBGE ou Nielsen ajudam a entender hábitos regionais. No Nordeste, campanhas de protetor solar ganham destaque em meses de praia movimentada. - Eventos Culturais:
APIs de plataformas de ingressos (como Sympla) indicam datas de shows ou feiras. Em Recife, anúncios de drinks foram exibidos durante a prévia do Carnaval.
Na prática?
Usando dados de mobilidade urbana de uma prefeitura, por exemplo, seria possível otimizar a exibição de anúncios de uma operadora de telecomunicações em pontos de ônibus com maior fluxo matinal.
LGPD E ÉTICA: COMO COLETAR DADOS NO OOH DA MANEIRA CORRETA
Anonimização de dados: o que a lei exige?
A LGPD não é um obstáculo, é um guia para construir confiança. E o segredo para cumprir a lei sem perder a riqueza dos dados está na anonimização: o processo de “disfarçar” informações pessoais, garantindo que ninguém possa identificar indivíduos.
Como isso funciona na prática?
- Agregação:
Dados são transformados em médias ou percentuais (ex: “70% do público tem entre 25-34 anos”, não “João, 28 anos”). - Mascaramento:
Identificadores únicos (como rostos em câmeras) são substituídos por códigos aleatórios. - Pseudonimização:
Dados sensíveis são separados de chaves de identificação. Por exemplo: o tempo de permanência (dwell time) é armazenado sem vincular a um dispositivo específico.
Atenção:
Em alguns países dados mal anonimizados podem custar até 2% do faturamento da empresa em multas.
Quer saber mais sobre a LGPD no OOH?
Confira nosso blog LGPD no OOH: funciona?.
DO DADO BRUTO À AÇÃO: 3 FORMAS DE USAR DADOS NO OOH
Personalização em massa: campanhas adaptadas por região
Imagine um anúncio de sorvete que muda de sabor de acordo com o bairro. Parece ficção? No OOH inteligente através dos smart displays, é realidade.
Com dados de geolocalização e hábitos regionais, você pode criar mensagens que falam diretamente com o contexto local.
Como funciona?
Imagine um painel digital que não apenas exibe anúncios, mas entende o contexto ao seu redor e vai além da exibição de anúncios: interpreta o contexto e adapta as mensagens em tempo real
Em Curitiba, onde o inverno convida a xícaras fumegantes, as telas próximas a cafeterias destacam promoções de chocolate quente, enquanto no Nordeste, sob sol intenso, as mesmas telas brilham com anúncios de sorvetes tropicais.
Durante a Oktoberfest em Blumenau, uma marca de cerveja decide falar a língua do público: usando dados de consumo histórico, os anúncios em alemão pipocaram nos pontos de maior fluxo turístico, como se fossem parte da decoração da festa.
Já em bairros de alto poder aquisitivo, as mensagens genéricas dão lugar a anúncios de luxo, como joias e carros premium, que ecoam o estilo de vida local. Tudo isso não é magia, são dados transformados em conversas, garantindo que cada campanha seja tão única quanto o público que a vê.
OOH INTELIGENTE NÃO É TENDÊNCIA, É REALIDADE
Se há uma lição que fica é que informação sem ação é apenas ruído. O OOH evoluiu de telas estáticas para ecossistemas dinâmicos, onde cada tela se transforma em um canal de mídia estratégica e baseada em dados.